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Nem 8 nem 80. Aprendemos essa frase na vida, desde pequenos. E faz sentido, não?
Diante de tantas mudanças culturais, os espaços sociais estão se adaptando. Falo isso porque considero a escola um espaço social. Aliás, quais espaços sociais ainda frequentamos? Com a crescente revolução eletrônica, estamos mudando nossos espaços sociais. Conversamos muito mais nas redes do que ao vivo, não é? E isso é bom, mas nem 8 nem 80. Velho ditado popular cheio de propriedade.
Se você já enfrentou algum momento de depressão, vai saber que os profissionais que te acompanharam, te indicaram as relações. Entrar para algum tipo de curso. De onde vem os seus amigos? No meu caso, a maioria conquistei em locais que estudávamos algo juntos, que tínhamos algum objetivo.
Ainda bem que ainda temos a escola, não é? Talvez o único lugar que todos (ou, infelizmente, nem todos) passamos, que todos podemos falar sobre. Pensemos sobre as funções dela: ensino-aprendizagem? relação social? identidade? preparação para a vida, para pensar? Eu escreveria só um texto sobre as funções da escola e não terminaria de escrever. Porque, primeiro, a escola é única. Segundo e, mais importante, as pessoas fazem a escola. O dia-a-dia dela é vivo, cheio de novidades.
Diante da notícia polêmica da escola de São Paulo, que estou compartilhando, pensemos, como educadores (pais e profissionais da educação) no que estamos entregando para a escola e o que a escola está entregando para a família.
Sabe porque escolhi a educação para trabalhar? Porque gosto de trabalhar com pessoas, com relações. Crianças não são produtos. Mesmo assim, sei que o mundo do trabalho e do consumo, nos coloca cada vez mais diante da falta de tempo e precisamos otimizá-lo.
“Sabe porque escolhi a educação para trabalhar? Porque gosto de trabalhar com pessoas, com relações. Crianças não são produtos.”
Tudo isso para dar a minha opinião sobre a escola ser responsável pelo corte de cabelo da criança, preparação das comidas congeladas ou cuidado com o uniforme. Não acho errado contar com ajuda nesse mundo agitado em que as famílias precisam estar. Contudo, não vamos deixar escapar pelas nossas mãos as responsabilidades de cada instituição: família e escola. Mais do que isso, a identidade dos sujeitos que a frequentam. É esse o centro de tudo. Eles sabem e sentem, mais do que nós, o que representamos.
Como pais, vamos valorizar o contato que ainda nos resta, sendo na escolha do uniforme, fazendo feira ou segurando a mão do nosso filho que não quer cortar o cabelo. Ou, de vez em quando, delegando funções que possibilitem um aumento do tempo para estar com os filhos.
Como professores, vamos dar carinho através da aprendizagem (formar-se mais e mais) sobre como torná-los aprendentes, pensantes e “conviventes” sociais.
Valorizemos as funções das famílias! Valorizemos as funções das escolas! Valorizemos o tempo, que não pode ser 8 nem 80.
Texto inspirado na publicação do site Estadão sobre uma escola de São Paulo que se responsabiliza por tarefas como comida (inclusive aos finais de semana), organização do uniforme, corte de cabelo, dentre outras.