O que é, afinal, o TDAH?

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O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é classificado pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (American Psychiatric Association – APA, 2013) como um transtorno do neurodesenvolvimento e caracteriza-se por sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade. De etiologia resultante de interações de fatores genéticos e ambientais (BIEDERMAN, 2005), o TDAH é um dos transtornos psiquiátricos mais frequentes em crianças. Em uma metanálise que avaliou 102 estudos realizados em todos os continentes quanto à prevalência do TDAH, Polanczyk e colaboradores (2007) concluíram que o transtorno atinge uma taxa de 5,29% em crianças e adolescentes.

“Em crianças, o sintoma de desatenção normalmente se manifesta pela distração e dificuldade em manter-se atento, principalmente durante atividades constantes e repetitivas; a impulsividade pode se apresentar pela tendência a agir sem pensar nas consequências ou na intromissão social, de maneira a interromper conversas ou jogos; a hiperatividade reflete-se em inquietação, aparentada em comportamento motor exagerado, nos movimentos das mãos ou dos pés, por exemplo, ou em fala ininterrupta” (CUNNIL; CASTELLS, 2015). Os prejuízos decorrentes do TDAH interferem na vida social, acadêmica ou profissional das crianças, dos adolescentes e dos adultos com o transtorno (VALIENTE-BARROSO, 2013). O diagnóstico do TDAH é clínico, sendo fundamental o conhecimento da história do sujeito, considerando a observação dos pais e dos professores (ROHDE; HALPERN, 2004) ou pessoas que observam os sujeitos em dois ambientes distintos (APA, 2013).

Em 2013, o DSM foi apresentado na sua quinta edição. A lista de sintomas continuou a mesma: dezoito sintomas, sendo nove de desatenção e nove de hiperatividade/impulsividade. O número de sintomas previstos para o diagnóstico também se manteve: seis sintomas de desatenção ou seis sintomas de hiperatividade/impulsividade. Um novo critério adotado foi o número de sintomas para diagnóstico de TDAH em adultos, que passou para cinco sintomas. Para o diagnóstico clínico, os sintomas precisam estar presentes por, no mínimo, seis meses e representarem incompatibilidade com o que é esperado para a idade do sujeito. O comprometimento em pelo menos dois ambientes diferentes e a obrigação de haver claro prejuízo nas áreas acadêmica, social ou profissional, também se mantiveram. Em relação à idade para surgimento dos sintomas, o critério passou de sete para doze anos de idade. As apresentações continuam classificadas em: TDAH-D, transtorno com predomínio de desatenção, TDAH-HI, com predomínio de hiperatividade/impulsividade e TDAH-C, apresentação combinada dos sintomas.

Os pacientes com TDAH podem apresentar comorbidades associadas, tais como: Transtorno de Oposição Desafiante, Transtorno de Conduta, Transtorno Disruptivo da Desregulação de Humor, Transtornos de Ansiedade, Transtorno Depressivo Maior, Transtornos por Abuso de Substância, Transtorno da personalidade antissocial, Transtornos da personalidade, Transtorno obsessivo-compulsivo, Transtornos de tiques, Transtorno Específico de Aprendizagem  e Transtorno do Espectro Autista (APA, 2013).

Os alunos com TDAH podem ser mais impulsivos, podem cometer mais erros em tarefas que exijam mais agilidade ou, ainda, podem apresentar dificuldade em trabalhar com autonomia. Assim, alunos com TDAH, frequentemente, tem baixo desempenho escolar (DORNELES, CORSO, COSTA, PISACCO, SPERAFICO, ROHDE, 2014; DUPAUL, GORMLEY, LARACY, 2012), o que pode originar situação de fracasso ou até mesmo evasão quando as dificuldades se intensificam (DORNELES et al, 2014; CARROLL, MAUGHAN, GOODMAN, MELTZER, 2005). Logo, é de suma importância progredir na compreensão de estratégias que promovam o crescimento da aprendizagem desse grupo de estudantes, pois, com a democratização do ensino e as políticas de inclusão, cada vez mais a escola recebe alunos com ritmos distintos e que necessitam de propostas de ensino diferenciadas.

Neste vídeo eu dei algumas dicas sobre como auxiliar os alunos com TDAH na sala de aula. Assista:

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5™). American Psychiatric Association, 2013.

BIEDERMAN J. Attention-deficit/hyperactivity disorder: a selective overview. Biol Psychiatry. V. 57(11):1215-20, 2005.

CARROLL, J. M., MAUGHAN, B., GOODMAN, R., MELTZER, H. Literacy Difficulties and Psychiatric Disorders: Evidence for Comorbidity. Journal of Child Psychology and Psychiatry, v. 46, n. 5, p. 524–532, 2005.

CUNILL, R.; CASTELLS, X. Trastorno por déficit de atención con hiperactividad/ Attention deficit hyperactivity disorder. Med. clín (Ed. impr.). 144(8): 370-375, abr. 2015

DORNELES, B. V., CORSO, L. V., COSTA, A. C., PISACCO, N. M. T., SPERAFICO, Y. L. S.; ROHDE, L. A. P. Impacto do DSM-5 no Diagnóstico de Transtornos de Aprendizagem em Crianças e Adolescentes com TDAH: Um Estudo de Prevalência. Psicologia: Reflexão e Crítica, 27(4), 759-767, 2014.

DUPAUL, G., GORMLEY, M..; LARACY, L. Comorbidity of LD and ADHD: Implications of DSM-5 for assessment and treatment. Journal of Learning Disabilities, 1-9, 2012.

ROHDE L.A, HALPERN R. Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade: atualização. Jornal de Pediatria. 80(2): 61-70, 2004.

VALIENTE-BARROSO, C. Relationship between ADHD Markers and Self-Perceived Stress: Influences on Academic Performance in Preadolescents. Journal of Educational and Developmental Psychology. Vol. 3, No. 2; 201 October 18, 2013.p 194-203

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