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ELEIÇÕES NA SALA DE AULA?
SIM OU NÃO?
Em uma conversa informal com a Drª Sandra dos Santos Andrade, professora associada e orientadora dos estágios da Pedagogia da UFRGS, discutimos sobre como trabalhar as eleições em sala de aula. Estamos vivendo um momento importante de exercício de cidadania e democracia para o país – impossível, então, deixar as crianças de fora.
Mas como trabalhar um tema tão polêmico em sala de aula?
A professora Sandra orienta seus alunos a trazerem as diferentes perspectivas para a discussão, tomando muito cuidado para não se posicionar partidariamente, tendo em vista que é um assunto delicado e que as famílias dos nossos alunos possuem diferentes posições. É uma discussão sobre política sim, mas não político partidária. Uma boa ideia, segundo ela, seria trazer notícias de fontes diferentes sobre uma mesma temática, a fim de mostrar como as pessoas podem se posicionar e se expressar de maneiras distintas.
Sugere que possamos trabalhar com conceitos importantes, como política, democracia, impostos, a constituição brasileira, eleições, cidadania, diferenças entre poderes (judiciário, legislativo e executivo), funções dos cargos a serem votados (neste ano, por exemplo, presidente, governador, senador, deputado federal e estadual), dentre outros. A parte histórica também é superinteressante: quando começamos a votar? O que é sufrágio? Em que tipo de regime de governo o Brasil estava anteriormente? Quem tinha direito ao voto, inicialmente? E as mulheres, quando tiveram direito ao voto?
Uma boa ideia, também trazida pela Profª Sandra, é de trabalhar com os dados das pesquisas e intenção de voto, enfatizando o uso dos números e gráficos. Depois das eleições, tanto do primeiro, como do segundo turno (se houver), as crianças podem analisar se, de fato, as pesquisas previram o que resultou nas urnas. Aqui se pode fazer uma reflexão crítica sobre a força que exerce sobre as pessoas pesquisas de cunho quantitativo e o valor que assume como verdade. Os dados ainda podem servir para criar problemas matemáticos e novas maneiras de tabular as informações.
Colocando em prática o exercício do voto, os alunos podem fazer as suas próprias eleições e escolher um representante de turma. Os candidatos podem, inclusive, fazer as suas campanhas, criarem os partidos, logos, folders com suas propostas dentro de uma plataforma, escreverem seu discurso e fazê-lo, apresentando sua plataforma, para outras turmas da escola (aproveitando para trabalhar com novos gêneros textuais – tanto orais como escritos). Nesse momento pode-se também discutir questões éticas, como “devo votar no candidato com uma proposta que me agrada ou no outro porque ele é mais meu amigo?”. Aqui cabe também colocar em evidência a importância do voto secreto. Podemos estabelecer relações com o cotidiano, a fim de demonstrar que a política não é coisa só de “gente grande”. Quando se escolhe o capitão do time, quais são os critérios? Pode-se tomar esta decisão de forma democrática ou de forma autoritária.
A Profª Sandra ressalta que ideias são muitas! O mais importante é despertar o senso crítico nas crianças, tentando o professor fazer esta mediação da maneira mais neutra possível.
E vocês, trabalharam com eleições em sala de aula? Me conta como foi!
Sugestão de leitura: ANDRADE, S. S. Formação da cidadania: eleições na escola. In: Maria Isabel Dalla Zen. (Org.). Projetos Pedagógicos: cenas de salas de aula. 4ed.Porto Alegre: Mediação, 2009, v. 1, p. 66-78.
Sugestões de literatura infantil:
“Impostos: a gente paga pra quê?” – FTD
A constituição para crianças – Liliana Iacocca e Michele Iacocca
A eleição dos bichos – André Rodrigues
A democracia pode ser assim – Ideia e Texto – Equipe Plantel
A ditadura é assim – Ideia e Texto – Equipe Plantel
Na próxima eleição, vote no Draculão – FTD
https://plenarinho.leg.br/ (ótimos materiais para crianças)
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Obrigada por esta dica! Após ter contato com este artigo, decidi levar para sala de aula o assunto eleição. Estamos estudando o livro Eleição dos Bichos. As crianças estão adorando!