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Não! Crianças que não decodificam não podem ser consideradas leitoras fluentes. Elas podem participar de eventos de letramento, de compreensão e interpretação, mas não são denominadas leitoras.
Por outro lado, a leitura já foi considerada somente decodificação, estritamente mecânica. Hoje, diversos autores afirmam que leitura é uma atividade complexa, que não engloba apenas o domínio da decodificação, mas também da compreensão (Glossário do CEALE) .
Um leitor que, por exemplo, não decodifica fluentemente, gasta muita energia fazendo as relações entre grafema-fonema, não sobrando espaço na memória para compreender. Sendo assim, o leitor proficiente mobiliza dois processos, o reconhecimento de palavras e a compreensão, ou seja, realiza a decodificação e compreende o que está lendo! Nesse sentido, ensinar a decodificar não é suficiente para ajudar o meu aluno a tornar-se leitor. É necessário ensinar estratégias de compreensão.
Compreender é uma tarefa cognitiva complexa, que exige muitas outras habilidades cognitivas. Para interpretar um texto é preciso usar as minhas habilidades de compreensão leitora, sendo insuficiente apenas a decodificação.
Como ajudar as crianças a evoluírem nas estratégias de compreensão leitora?
Começa-se em tenra idade, em casa, com a família e a partir da educação formal, na Educação Infantil. Com alunos que não decodificam, por exemplo, podem ser feitas atividades de ilustrar o que foi lido pela professora, fazer leitura de livros de imagens, reconto de histórias já conhecidas, estabelecer relações entre colunas, fazer um final coletivo onde a professora é a escriba da história… Cuidado somente com atividades coletivas, pois às vezes algumas crianças no meio da turma não estão compreendendo – faz-se necessário trabalhar individualmente.
Estratégias práticas:
Antes da leitura:
- Ter objetivos específicos para a leitura – explicar o objetivo para as crianças;
- Ativar conhecimentos prévios;
- Estabelecer previsões sobre o texto (e depois ver se foram realizadas);
- Estratégias de Goodman (como inferência, por exemplo).
Durante a leitura:
- Leitura compartilhada com fichas;
- Roteiros do que vai acontecer para eles irem encontrando no decorrer da história;
- Procurar significado de palavras e reler frases para retomar o sentido.
Após a leitura:
- Perguntas literais (informações explicitas no texto – o que a Chapeuzinho levou para vovó?);
- Perguntas subjetivas (informações implícitas – como a Chapeuzinho começou a desconfiar a vovó?);
- Perguntas para refletir (você já saiu sozinho como a Chapeuzinho?)
- Separar palavras por grupos semânticos (frutas, cores, animais…).
Se interessou pelo assunto? Assista à live que está no YouTube onde falamos um pouco mais sobre compreensão leitora: