Bilinguismo infantil: a criança pode aprender duas línguas?

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Ao longo dos anos, a educação bilíngue foi alvo de estudos por levantar muitos questionamentos. O maior deles – já ultrapassado conforme pesquisas mais recentes -, seria o de que o ensino de dois idiomas simultaneamente poderia confundir o cérebro das crianças. Contudo, o que acontece, na verdade, é o contrário – a aprendizagem de um segundo idioma, ainda na fase da alfabetização, contribui para o aprendizado da língua materna.

Não dependendo da instrução formal para aprender a oralidade de um idioma, as crianças desenvolvem rapidamente a habilidade de se comunicar em sua língua e o fazem de forma muito eficiente – existem estruturas cerebrais que permitem que elas adquiram a linguagem. Esta preparação do aparato cerebral e a prontidão para aprender a língua materna facilitam também a aprendizagem de uma segunda língua pela criança, porque são utilizados os mesmos processos e funções cerebrais. São inúmeros os fatores que contribuem para as crianças assimilarem línguas estrangeiras com mais facilidade: a formação da matriz fonológica, a plasticidade cerebral, a disposição para a aprendizagem e a pouca influência da língua materna, por exemplo.

Um cérebro humano saudável é capaz de aprender qualquer idioma ao qual ele for exposto e isso acontece devido à alta capacidade de adaptação que este órgão possui. No caso da segunda língua, quanto mais cedo ela estiver acessível, melhor será a capacidade da criança de distinguir os sons daquele idioma e mais precisa será a pronúncia das palavras. Apresentar a criança a dois idiomas ao mesmo tempo possibilita o aumento do número de conexões cerebrais, especificamente na área responsável pela linguagem, o que permite um maior desenvolvimento da criatividade e maior capacidade de raciocínio, além de facilitar na expansão cultural e na compreensão do mundo.

A exposição da criança aos dois idiomas pode trazer alguns questionamentos e interpretações bastante plausíveis – a mistura das duas línguas em uma única frase como um sinal de confusão, por exemplo. Vale ter em mente que quando falamos de crianças da Educação Infantil, muitas vezes não-alfabetizadas, esta mistura representa a intenção de aplicar um conhecimento adquirido no contexto apropriado e, com o tempo, a própria criança saberá quando e onde aplicar cada uma das línguas.

Proporcionar à criança a oportunidade de ouvir e falar uma outra língua na sua rotina (de forma saudável) faz com que esse processo de aquisição de linguagem aconteça espontaneamente. Inserir as crianças em um ambiente no qual a necessidade de usar a segunda língua se torne algo natural e habitual para elas é o ideal – integrando o ambiente à abordagem lúdica ao apresentar o novo idioma às crianças, fazendo com que elas o associem à conhecimentos previamente adquiridos e trazendo autonomia e significado para o processo de aquisição da segunda língua.

 

Texto de Vanessa Machado e Vanessa Trombini, proprietárias da Escola Bilíngue de Educação Infantil Studio School. As sócias aliaram as suas formações e experiências na área da educação para a consolidação de um projeto de escola sustentável, comprometida com o desenvolvimento integral da criança até os 6 anos de idade. A escola surgiu da essência do Studio do Brinquedo – uma brinquedoteca que encanta os associados do Leopoldina Juvenil há 14 anos. Aliando a proposta do brincar às teorias modernas em educação, o Studio School surge no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, com uma proposta inovadora voltada para as crianças do século XXI: o bilinguismo (português e inglês). 

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