Por que aprender as letras do alfabeto?

Por que aprender as letras do alfabeto?

Tempo de leitura: 4 minutos

Uma das perguntas que as professoras de alfabetização mais se fazem é justamente esta: “por que meu aluno sabe todas as letras, mas não lê?”. Você também já ouviu alguém se questionando sobre isso? Então, neste artigo, vamos desvendar essa questão.

Antes de mais nada, importante deixar claro que o conteúdo deste texto também se aplica aos jovens e adultos em processo de alfabetização.

Pois bem, o processo de desenvolvimento da assimilação e associação das letras com seus respectivos sons é uma habilidade que vai além da aptidão do aluno de “decorar” o alfabeto.

A memorização é, sem dúvidas, uma parte importante, mas o conhecimento precisa estar contextualizado para ter bom resultado.

Por isso, ao mostrar a letra, é importante trazer um raciocínio para a compreensão do seu significado, mostrar suas representações, o seu som e sistematizar a grafia no material. É possível aprender brincando e brincar para aprender.

E como apresentar estes sons?

A perspectiva trazida pelo conceito de consciência fonológica permite que o estudante perceba as relações sonoras do alfabeto através de diferentes níveis: palavras, rimas e aliterações; sílabas e, por último, fonêmico.

Portanto, independente da metodologia utilizada, é imprescindível desenvolver a consciência fonológica com as suas turmas através de parlendas, contos rimados, jogos para quantificar sílabas, para encontrar sílabas que se repetem em palavras (casa, cachorro, macaco, abacate – onde está o ca?), encontrar palavra que não rima em meio a outras que rimam. No nível da consciência fonêmica, atividades que coloquem as letras/sons em contraste são fundamentais: rato/gato/rato/pato…

À medida que o aprendizado avança, é importante que a criança saiba identificar que as letras representam sons e, para isso, é imprescindível que conheçam o traçado da escrita para que sejam capazes de fazer as associações corretas. A essa habilidade, damos o nome de consciência grafofonêmica.

A consciência grafofonêmica é um dos níveis da consciência fonológica. Imagine que um triângulo fosse capaz de representá-la. Nesse caso, os seus três lados seriam simbolizados pelo “nome da letra”, o “fonema” e o “traçado”, conforme a imagem abaixo:

Assim, a professora consegue fazer a relação entre escrita e leitura, respeitando a capacidade cognitiva das suas turmas e realizando associações para trabalhar em cima de cada um desses vértices. Repare que não adianta focarmos em apenas um lado. Cada um deles tem sua responsabilidade na aprendizagem da leitura e da escrita.

Traçado: Precisamos oportunizar estratégias didáticas para que os alunos aprendam a traças as letras, discrimina-las, identifica-las.

Fonema: reconhecimento dos sons, como explicado anteriormente. Ressaltamos que não é necessário pronunciar fonemas isoladamente. Inúmeras pesquisas (Morais, 2019; Soares, 2016) nos mostram que os sons consonantais não fricativos e vocálicos são impronunciáveis. Trabalharemos com as atividades de contraste entre os sons, com identificação da palavra correta (macaco, bacaca, tacaco) e muitas outras.

Nome da letra: “Profe, aquela letra ali é a do nome da Bianca? Aquela ali, ali…” Imagina excluir o conhecimento dos nomes das letras na alfabetização? Como iremos nos comunicar para indicar as letras nas distintas situações? Além disso, as letras “materializam” o fonema, que é tão abstrato.

Ok, ensinar as letras é imprescindível. Mas, será que é tão indispensável ensiná-las na sequência do alfabeto?

A sequência do alfabeto ajuda em dois aspectos:

  • Memória: a associação por representação facilita a fixação de cada um desses caracteres pelos alunos. (Por exemplo, a criança pensou em casa – associa com o alfabeto memorizado: A, B, C..)
  • Uso Social: em várias situações do cotidiano, deparamo-nos com a ordem das letras, como, por exemplo, na lista telefônica do nosso celular.

Contudo, isso não significa que devemos ensinar uma letra por dia ou por semana. Jamais! Temos que propor práticas de escrita que estejam inseridas na realidade e contexto da turma, por exemplo, iniciar pelas letras dos nomes.

Agora, sempre que te falarem que um aluno sabe todas as letras do alfabeto, mas não sabe ler, lembre-se do triângulo. Não existe juntar letras para saber ler. Existe realizar as associações corretas, resultando na aprendizagem das combinações de sons que as letras fazem.

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Grande abraço,

Iara Rodrigues

(Texto redigido por Iara Rodrigues e revisado por Daiane Garcia).

 

 

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